Crítica | Amor, Sublime Amor – remake melhor do que o original?

Spielberg trata o musical de forma mais séria e trazendo os debates necessários

Antes do filme

Diversas produções contemporâneas têm como inspiração as obras de Shakespeare. 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você é baseado em A Megera Domada; O Rei Leão é uma releitura de Hamlet. E Amor, Sublime Amor é um musical da Broadway lançado originalmente em 1957, inspirado por Romeu E Julieta. Em 1961, a peça recebeu sua primeira versão cinematográfica e, agora, 60 anos depois, um remake por Steven Spielberg.

Durante o filme

O musical acompanha duas gangues no bairro de Upper West Side, na Nova York dos anos 50, os Jets (americanos brancos) e os Sharks (latinos, porto-riquenhos). Mas a relação entre eles muda depois que Tony (Ansel Elgort, de A Culpa É Das Estrelas, Em Ritmo De Fuga), americano, se apaixona por Maria (Rachel Zegler), que é porto-riquenha. Contra a vontade de todos, o casal faz o possível e o impossível em nome do amor.

O filme de 1961 é um clássico, ganhador de 10 Oscares, no entanto, não há representatividade dentre os atores e atrizes, sem contar na maquiagem para escurecer a pele dos atores nos papéis latinos. Não adianta retratar racismo nas telas quando fora delas, ainda está sendo praticado.

Spielberg dá um novo tom para o musical, mais sério, mas também mais colorido, seja nos cenários, seja na diversidade latino-americana. O racismo e o preconceito contra latinos nos EUA também é muito mais debatido: logo no início do filme, já vemos os Jets depredando uma parede com uma pintura da bandeira de Porto Rico. Há diálogos em espanhol, mas sem legenda (os americanos que lutem!), bem ao estilo de Shang-Chi (filme da Marvel cujas falas eram majoritariamente em mandarim).

Dentre os atores, temos destaque para estreia de Zegler nas telonas, trazendo uma Julieta incompreendida e ingênua, em oposição a Elgort, que parece um pouco deslocado da trama, mas não é que ele canta bem? Ariana DeBose está impecável como Anita, com seus vestidos esvoaçantes e passos de dança complicadíssimos (o que revela a coreografia imbatível de Justin Peck). E, por último, Rita Moreno, que fez parte do elenco original de 1961 como Anita, atua em um novo papel, Valentina, o elo que liga às duas gangues: ela é porto-riquenha, mas ajuda os Jets em tempos de necessidade.

Depois do filme

Amor, Sublime Amor não é o remake que pedimos, mas é o remake que precisávamos. Apesar de se passar nos anos 50, a história ainda é muito atual e precisava ser abordada da forma correta. Tanto para os amantes de um bom musical clássico, quanto para os fãs novos, a produção vale a pena ser conferida.

9

NOTA

Compartilhe: